Resenha: Star Wars RPG da Fantasy Flight Games
Quando lá por volta de 2011 as notícias correram que Star Wars havia sido licenciada para a Fantasy Flight Games (já uma gigante dos boardgames), todo mundo ficou logo de cara, bem animado. Lembro também que achavam que o sistema seria o famoso D100 (baseado em valores percentuais) que já tinha seu público por causa dos produtos de Warhammer. Por fim, tivemos a notícia que seria um sistema novo, e o livro seria estruturado como era a linha de Warhammer 40K, ou seja, cada livro, um livro básico fechado com determinado foco do cenário. As pessoas torceram o nariz. Aí relevaram que o sistema novo, usaria dados especiais comprados a parte. E aí torceram o nariz novamente. Sendo assim, em agosto de 2012, tivemos a versão beta (softcover) do RPG Edge of Empire e oficialmente, o livrão hardcover seria publicado em abril de 2013. Aqui no Brasil, foi lançado traduzido pela Galapágos em 2016, mas infelizmente a linha foi abandonada por aqui, mas isso é assunto pra outro dia. No final das contas, a linha se divide em três Livros Básicos: Edge of Empire (o nosso “Fronteiras do Império”), focado nas regiões mais afastadas, onde perdura uma mentalidade de fronteira e “terra de ninguém”, bem próprias das histórias de western, referência óbvia para os primeiros filmes. Age of Rebellion, focado em campanhas mais no núcleo, onde jaz o coração do conflito militar entre a Aliança Rebelde e o Império. Um personagem nessa campanha, mais cedo ou mais tarde, será tragado para a guerra. E o terceiro: Force and Destiny, focado nos jedi. É possível jogar com os famosos místicos só com os outros livros? Sim, mas com limitação. Pois neles, os Jedi estão destruídos e os poucos que restam, ocultos. Logo, o que você terá nos outros core books, são uma especialização aberta para os personagens, onde o jogador terá a opção de ter um “gostinho”. Todo o leque completo de poderes, carreiras e especializações focadas no jedi, obviamente estarão nesse terceiro e último tomo.
O Sistema
PONTOS FORTES:
- Em português: como citei,
esse foi o primeiro RPG oficial de SW em nosso idioma. Infelizmente só tivemos
o Fronteiras, mas só com ele, é possível jogar anos de campanha, com diversas
premissas: caçadores de recompensa, mercenários, membros de um cartel criminoso,
freedom fighters, pilotos, entre outros.
- Alto padrão artístico: os
livros são belíssimos, e pela primeira vez abandona o uso de screen shots dos
filmes. Simplesmente, há uma equipe uniforme de alto padrão para cada uma das
artes contidas nos livros. Há imagens de página inteira ou mesmo página-dupla,
que literalmente tiram o seu fôlego!
- Sistema narrativo: o uso dos
dados especiais pode ser desafiador no início, mas lembro que no final da minha
primeira sessão narrando, meus jogadores já estavam bem à vontade interpretando
vantagens/desvantagens, triunfos/desesperos de maneira bem natural. É
libertador sair de um sistema onde você não precisa ficar somando daqui,
subtraindo dali. Acredite...
- Miniaturas totalmente
opcionais: o SAGA era incrível. Mas demandava miniaturas. Era possível jogar no
teatro da mente? Sim! Mas o jogo foi escrito definitivamente para usa-las. Só
ver o deslocamento medido em squares, e feats/talents que davam +1 pra
ataque ou defesa, pra quem estivesse 6 squares ou menos do seu personagem. Afinal, o objetivo era atrelar ambos os
produtos da Wizards! No FFG, elas são realmente opcionais. A saber, as
medidas de distância são abstratas, baseando-se estritamente na descrição da
cena e no bate-papo com o grupo e Mestre.
PONTOS FRACOS:
- Três livros básicos: a
grande verdade é que você só terá a experiência completa tendo os três livros
básicos. Entretanto, a FFG faz um esforço notório para não repetir material
entre eles. Raças que aparecem em um, não aparecem no outro, por exemplo. O
mesmo, eles fazem com informações sobre planetas, adversários, naves, etc. Mas
ainda assim, ficam algumas informações repetidas: regras (claro!), equipamentos.
Por fim, acredito que eles poderiam ter lançado um livro de regras mais fino (e
por consequência mais barato!) e depois lançar suplementos de ERAS e outros
focos. Basicamente, como o Wizards fez com o SAGA anos atrás.
- Dólar alto: como só temos um
livro traduzido, você provavelmente vai querer outros suplementos ou no mínimo
os outros dois livros básicos. Com o dólar nas alturas, isso vai ser
desafiador. Outro problema, que aparentemente a Amazon americana resolveu, era
colocar esses livros da FFG com a tag de “brinquedos”, o que gerava
taxas adicionais.
- Dados especiais: sim, você
terá que comprar separado ou instalar um app (tem o oficial e o “paralelo”) pra
rolar os dados especiais. Na verdade, o ideal são dois conjuntos de dados. Os livros até oferecem maneiras de usar os dados
tradicionais e converter para os símbolos, mas vai por mim: fica muito confuso.
Você quer o jogo mais fluido possível, certo?
Conclusão
Eu simplesmente amo esses
livros. Com eles também, torna-se possível jogar em qualquer período da
timeline da franquia, bastando um estudo prévio sobre a era que deseja seu
jogo. Se ainda tiver os livros de Eras do SAGA, melhor ainda, eles servem para situar
o meta-plot dessas diversas épocas. A saber, quem jogava de Jedi nos sistemas
anteriores, vai ver que eles ainda são bem divertidos de se jogar, mas sem
roubar todo o jogo pra si ou sem poderes mirabolantes de jogar um tie
fighter contra o outro. Os poderes aqui são bem mais sóbrios, felizmente.
Quem ainda puder, não deixe de conferir a tonelada de suplementos que cada
linha possui (seguindo a identidade visual das cores). Esse material, volta e
meia, lidera as listas de suplementos mais vendidos para RPGs em geral. E vocês?
Já experimentaram o SWFFG? Estão jogando atualmente?
Abraço a todos!
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